Pequena nota
Este texto foi extraído de” Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio, (Subsídios para uma monografia)”, 2ª Edição, em preparação, não comportando, por falta de actualização, as últimas alterações verificadas.
O IC 27 veio colocar esta via em posição absolutamente secundária, por enquanto a partir do entroncamento para as Cortes Pereiras.
Comentava-se na altura a distância a que ficaria a vila, o acesso ao IC 27 não veio a ficar mais próximo.
JV
Raul Proença, no seu conhecido Guia de Portugal (1927), diz que a vila era apenas servida pela estrada que a liga à aldeia do Pereiro, sendo a única sede de concelho que não se encontra ligada às outras e à capital do distrito e que a riqueza metalúrgica da região impõe a construção da estrada de Vila Real - Mértola, por Alcoutim, e a construção da que há-de ligar com São Brás de Alportel, por Martim Longo e Cachopo.
Iremos referir o que nos foi possível obter sobre a estrada nacional nº 122 e “ramais”.
A Comissão Administrativa da Câmara Municipal deliberou que um seu representante fosse a Lisboa a fim de junto do Ministério das Comunicações, “clara e desassombradamente” exponha o estado de abandono a que o concelho tem sido votado desde sempre, especialmente no tocante a vias de comunicação e que seja feito sem demora o estudo da estrada de Vila Real- Alcoutim- Mértola, estrada essa que em parte resolverá o problema das comunicações.(1)
Em 1934 e em resultado de nova ida à capital de um seu representante, a Câmara é informada de que na J.A.E. foi prometido e garantido que dada a impossibilidade absoluta da estrada ao Vascão ser feita directa a esta vila, visto ser uma estrada de longo curso e esse estudo ter de ser feito do Vascão directo ao ponto marcado entre a Corte da Seda e os Balurcos e será feito um ramal desta vila para o Vascão. (2)
Cerca de um ano depois (3) a Câmara fica alertada com a notícia da possível alteração do traçado da estrada a passar a quinze quilómetros da vila, com manifesto prejuízo para a mesma e para os povos da freguesia e sem vantagens nenhumas para o resto do concelho.
Foi deliberado pela Edilidade enviar mais uma vez uma delegação da Comissão Administrativa, imediatamente, para junto das autoridades competentes protestar energicamente contra a modificação do traçado. Foi aconselhado que o Presidente da União Nacional no concelho, acidentalmente em Lisboa, acompanhasse tal delegação.
[Ponte sobre o Ribeiro dos Ladrões. Foto JV, 1993]
Na sessão de 27 de Junho de 1935 é comunicado o resultado. Assim, afirma-se que a estrada será construída dentro do plano e estudo já efectuado e que dentro em breve chegará a este concelho uma brigada técnica da J.A.E. para completar o estudo do troço entre Corte da Seda e a Ribeira do Vascão, pelo que não se efectuará qualquer alteração.
Em 1939 (4) o Governador Civil comunica ao Presidente da Câmara que tinha sido concedida a verba de 1700 contos para a estrada do Vascão, ao quilómetro seis da estrada de Alcoutim ao Pereiro.
De 1920 a 1940, nenhumas obras se fizeram no concelho. Apenas estão em construção as estradas 106 - 2ª e 108 - 2ª que ligarão o concelho ao resto do País, com o qual Alcoutim não tem vias de comunicação, indispensáveis ao seu progresso e desenvolvimento. À estrada 106 - 2, faltam as pontes nas Ribeiras de Beliche, Foupana, Odeleite e Vascão. A conclusão dessa obra é de maior importância e urgência. É assim que o número especial de O Século - 1940 (Comemorações Centenárias de 1140 e 1640) se refere a Alcoutim.
Sobre os desvios da estrada de Alcoutim para as Quatro Estradas ou Cruzamento, como passou a ser designado o local, já demos explicações documentais. O povo contava (e ouvi-o muitas vezes) que isso tinha tido lugar por interesses pessoais de gente importante da vila, o que não nos parece ter qualquer justificação.
Cerca da década de quarenta do nosso século, houve alterações na estrada de Alcoutim ao Cruzamento, processando-se principalmente o corte de algumas curvas, como ainda hoje se pode verificar.
O acesso à vila que teria sido pela parte alta (Portas de Tavira), passou depois para a parte baixa (Portas de Mértola). As camionetas tinham muita dificuldade em passar pelas ruas medievais que são a Rua Portas de Mértola e da Misericórdia. Para que isso acontecesse, as pessoas, tinham que se meter em casa. A empresa concessionária dos transportes públicos tem um carro de trinta e quatro lugares para pôr ao serviço mas não o pode fazer por não poder passar nestas ruas. (5)
Em 1951 começam as demolições das casas que permitem a variante de acesso à praça que segundo nos informaram teve lugar em 1956.
Em 1967 construiu-se o troço (C.M. 1058) de acesso ao Marmeleiro.
NOTAS
(1) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 31 de Março de 1934.
(2) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 13 de Junho de 1935. Pensamos que a designação de Vascão está incorrecta, querer-se-ia dizer da vila até esse ponto e mais tarde conhecido e designado por Cruzamento ou Quatro Estradas.
(3) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 25 de Fevereiro de 1939.
(4) – Diário Popular de 15 de Maio de 1850.
(5) – Jornal do Algarve de 13 de Julho de 1984.