Pequena nota
Eu só conheci este assunto oralmente através de uma das muitas conversas informais que tenho mantido há muitos anos com o autor desta pequena efeméride, colaborador e Amigo, Gaspar Santos.
Fez muito bem recordá-la aqui pois serão poucos os alcoutenejos que se lembrarão dela. Nestas coisas há sempre vítimas, pessoas que nada têm a ver com o assunto e que acabam por ser incomodadas.
Talvez não fosse difícil encontrar o ratoneiro, mas possivelmente não interessaria.
É regra que Alcoutim é um concelho de brandos costumes mas... lá de tempos a tempos aparece um crime que acaba por confirmar a regra.
Tenho conhecimento de quatro homicídios, nos quais se inclui o político de Miguel Angel de Leon. Existe, contudo, um de que não conheço nada semelhante, passado pouco antes da Implantação da República e de que não encontrei referências orais após ter feito diligências nesse sentido e na freguesia de Alcoutim.
Admito que o crime tivesse sido cometido mais para o interior do concelho, sendo assim e nessa época, mais difícil de chegar ao conhecimento, nesta zona do concelho.
JV
Escreve
Gaspar Santos
Em 28 de Março de 1949 o Jornal “O Século” de que eu era correspondente, publicava uma notícia no canto inferior direito da página 6 com o título: “Assaltaram o Edifício da Câmara Municipal”.
Esse belo edifício que vai agora beneficiar de obras de restauro e a efeméride de 62 anos são duas boas razões, que reunidas me levam a recordar o evento. E também para recomendar que nestas obras se acautele a segurança contra intrusões…
Lembro-me perfeitamente que o assalto às instalações da Câmara Municipal, onde hoje são os Paços do Concelho na Rua do Município, ocorreu na noite de 26 para 27 de Março. Havia marcas de pés enlameados e sujos de ervas no muro traseiro do edifício na que é hoje Rua 25 de Abril.
Aquilo que foi roubado quase não teve significado. Os ladrões, sem danificarem as portas, limitaram-se a arrombar as gavetas de funcionários donde levaram alguns trocos.
A Polícia Judiciária de Faro foi chamada e interrogou algumas pessoas de que as autoridades camarárias suspeitavam. Nada conseguiram apurar. Não se achou o ou os culpados. Consequências se as houve foram apenas para os suspeitos interrogados. Ouviu-se dias depois alguns comentários desses homens, revoltados com o tratamento que tiveram, pois a polícia não queria sair deste caso com as mãos a abanar.
Alcoutim não é fértil em crimes, mas quando se trata de crimes contra os bens alheios, aliás raríssimos, são feitos com bastante perfeição, ficando por esclarecer para toda a vida. Recordo aquele de que foi vítima o pagador da Mina de S. Domingos e que relembrámos neste blogue em “Um roubo perfeito no Guadiana”.