quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Afonso Vicente foi um grande monte da freguesia de Alcoutim [4]

SANEAMENTO BÁSICO

ÁGUA

É natural que comecemos pelo precioso líquido sem o qual nas proximidades as pessoas não se podiam fixar.

Sabemos que o poço do monte foi arranjado em 1876 a mandado do Presidente da Câmara, Miguel Angel de Leon. Francisco Ribeiros tomou o cargo de orientação do mesmo e era um dos maiores quarenta contribuintes do concelho. A importância que despendeu de 2.150 réis

para cal e ladrilhos só lhe foi paga em 1879. (1)

Em 1935. a Câmara deliberou conceder um subsídio de 675$00 para a abertura de um poço, tendo sido encarregado para o efeito o comerciante João Mestre. (2)

Anos depois na década de 60 do século passado, foi apetrechado de uma bomba manual elevatória de água.

Situado, como é próprio numa zona baixa, o caminho que o servia era difícil, além de íngreme era escabroso.

Nessa altura havia muitos burros e competia-lhes acarretarem a água em cântaros de barro ou zinco colocados em cangalhas próprias.

Outros poços particulares situados na periferia tinham boa água, como acontecia a um próximo do monte e junto à estrada de acesso, de que nos servimos durante quinze dias em Agosto de 1977, por deferência do seu proprietário, Francisco Valadas da Palma. O nosso burro era o automóvel, onde na mala e banco traseiro se arrumavam os cântaros.

Numa cerca do Rabilongo existia um poço de que as mulheres se serviam para lavar a roupa. Os proprietários, já que eram dois, acabaram por mandar entulhá-lo.

Afonso Vicente foi o primeiro monte do concelho a beneficiar de distribuição de água por fontanários (sete) o que aconteceu em 1980. O sistema de distribuição era diferente de todos os outros, pois aqui existia um depósito para onde era bombeada a água e posteriormente distribuída. Esta obra deveu-se à “Comissão de Moradores”, apoiada em afonso-vicentinos residentes na área de Lisboa que concretizaram, além deste, outros melhoramentos.

Por esta razão e a habitantes de outras povoações vizinhas, ouvimos-lhe chamar Vila Nova de Alcoutim!

A água começou a ser bombeada do poço do monte, mas por pouco tempo, pois os consumos começaram a aumentar e a nascente não era suficiente, pelo que foi aberto, nas suas proximidades, um furo artesiano com um maior potencial.

Entretanto e a partir da chegada da energia eléctrica foram-se abrindo variadíssimo furos artesianos, talvez dez, que na sua grande maioria dão pouca água.

Em 2004, a Câmara Municipal, por administração directa, abriu valas levando a água a casa de quem desejou pagar os respectivos “ramais”, (3) aproveitando a cobrança da água para o lançamento de uma taxa que funciona como de recolha do lixo.

O sistema eliminou o depósito situado na parte mais alta do monte, sendo a água impulsionada através de bombas. Agora, quando falta a energia eléctrica, falta a água, enquanto no sistema anterior o depósito aguentava largas horas o seu fornecimento.

Presentemente, Afonso Vicente é abastecido por água do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve, com reservatório situado na aldeia do Pereiro, tendo sido desactivado o furo subterrâneo no monte. (4)

ENERGIA ELÉCTRICA

[Técnicos rondando de helicóptero poste base da EDP em Afonso Vicente]
Lembramo-nos perfeitamente que pouco antes do 25 de Abril houve um movimento neste monte e pensamps que na grande maioria dos da freguesia, no sentido das populações se quotizarem para a construção da “cabina da electricidade” do seu monte, na qual participámos. Esse dinheiro veio a ser depositado em nome da Câmara e julgamos que foi a mesma que motivou isso pois não tinha verbas para tal. Estamos em crer que o fornecimento de energia devia ter ocorrido em 1976 ou próximo disso.

ESGOTO

O sistema de esgoto é inexistente, cada qual que resolva o seu problema. Ainda há poucos anos os dejectos eram deitados para pequenos barrancos, hoje são recolhidos e tratados em local próprio.

O projecto de rede de esgotos e ETAR já está aprovado, (10) quanto à sua execução é que não sabemos quando terá lugar. Talvez nunca.


NOTAS

(1) - Acta da Sessão da C.M.A. de 17 de Julho de 1879
(2) - Acta da Sessão da C.M.A. de 5 de Setembro
(3) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 11 de Janeiro de 2005, p. 9
(4) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 16, Março de 2010, p 9
(5) – Alcoutim, Revista Municipal nº 13, Dezembro de 2006, p 12

(CONTINUA)