Pequena nota
Depois de uma série de textos que publicámos na imprensa regional, em livro ou neste espaço, encontrámos motivos para voltar ao assunto.
Já referimos em conjunto ou separadamente os netos dos 1º Condes de Alcoutim, iremos hoje referir um dos seus bisnetos para o qual nada encontrámos para referir no campo das armas ou das letras. Parece-nos que foi uma figura relativamente apagada e que viveu dos pergaminhos que recebeu dos seus antecessores.
JV
D. Manuel de Ataíde era filho de D. António de Ataíde, 2º Conde de Castanheira e de D. Bárbara de Lara filha de D. Pedro de Meneses, 2º Conde de Alcoutim, possivelmente dos 6 deste título o que deixou maiores referências a nível cultural e de armas, entre outras.
O título foi-lhe confirmado em 12 de Março de 1603 por Filipe II.
Casou com D. Maria de Noronha filha de D. Diogo de Sousa, Capitão de Sofala, governador do Algarve e General da Armada, acompanhou a África D. Sebastião e pertenceu ao Conselho de Estado e de sua mulher, D. Catarina de Atouguia.
Enviuvando casou com a sobrinha D. Guiomar de Vilhena, filha de sua irmã D. Ana de Ataíde, não tendo havido geração desta ligação.
Tinham como irmãos D. António de Ataíde, 1º Conde de Castro Daire, D. Jorge de Ataíde, Governador de Ceuta (sempre Ceuta nos horizontes dos Meneses) e três irmãs, D. Leonor, Joana e Juliana que foram freiras no Mosteiro de Castanheira fundado pela família.
Foi detentor dos senhorios e morgados, bem como do título da Casa de Castanheira.
Foi Senhor da Vila de Povos e Cheleiros e Comendador de Longroiva.
Dos cinco filhos que teve do 1º casamento sobreviveu-lhe D. João de Ataíde que lhe sucedeu no título e na Casa, sendo, por isso, o 4º Conde de Castanheira.
Interessante a sentença desfavorável que perdeu em demanda com Francisco Correia, devido à restituição de um dote.
"SENTENÇA EM FAVOR DO SENHOR FRANCISCO CORREIA CONTRA O CONDE DA CASTANHEIRA D. MANUEL DE ATAÍDE E SEUS FILHOS PROFERIDA NA CAUSA EM QUE PEDIAM A RESTITUIÇÃO DO DOTE DA SENHORA D. BRANCA DE VILHENA QUE CASOU COM O SENHOR MANUEL CORREIA, DE QUE FICOU ABSOLUTO DE PAGAR PELA VILA DE BELAS POR SER CABEÇA DE MORGADO INSTITUÍDO PELO SENHOR RODRIGO AFONSO E SEU FILHO O SENHOR PEDRO CORREIA"
Naturalmente que esta casa condal estava afecta ao poderio dos Filipes.
Este título tem a ver com o lugar de Castanheira, hoje vila de Castanheira, entretanto do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira.
Nos séculos XII e XIII Castanheira fazia parte do termo de Povos. Sendo o título de vila concedido por D. Afonso V, por carta de 1452.
O foral novo foi concedido em 1510 e os séculos XV e XVI foram marcados pelo poder dos Ataíde.
O título de Conde de Castanheira foi outorgado por D. João III por carta de 1 de Maio de 1532.
O concelho de Castanheira, entretanto criado, extinguiu-se em 1837, tendo sido o pelourinho (símbolo do poder municipal) apeado em 1845.
Voltou a ser vila em 1985.
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História Genealogica da Casa Real Portugueza, António Caetano de Sousa, Edição QuidNovi/Público – Academia Portuguesa da História
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Brasões da Sala de Sintra, Anselmo Braamcamp Freire, 1927
Wikipédia, a enciclopédia livre
http://www.gneall.net
Portugal – Dicionário histórico, Edição José Romano Torres, 1904-1015 – transcrito por Manuel Amaral.