Nasceu em Lisboa, na Calçada da Estrela a 1 de Fevereiro de 1862, recebendo sacramento do baptismo na Igreja da Lapa.
Filho de Tito Augusto Duarte de Noronha, engenheiro, escritor, bibliófilo, sócio da Academia Real das Ciências e de D. Leonor Lizarda Pinto Coelho de Azevedo Tovar de Bourbon e Noronha, morgada de Avanca.
Passou os primeiros anos de vida na Vila de Ovar em casa solarenga que sua mãe herdou.
Aí aprendeu as primeiras letras ministradas por austero professor.
Vai, entretanto, para o Porto com os pais. Matriculam-no no Colégio de Nª Sª da Glória em 1871 e nele se conservou até final do curso liceal em 1879. Nos dois últimos anos do liceu começa a leccionar em casas particulares para ir ganhando algum dinheiro já que em casa eram seis filhos. Lecciona também no colégio onde estudara.
Em 1879 matricula-se no 1º ano do curso preparatório da Academia Politécnica, curso de três anos e em 1880 na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, terminando o curso em 1885 com a defesa da tese “As águas do Porto”.
Devido ao vencimento considerado relativamente elevado, concorre ao lugar de médico de Alcoutim onde é colocado, realizando a viagem entre Mértola e Alcoutim via fluvial, é recebido no cais pelo Presidente de então, Manuel António Torres.
Aqui se conserva cerca de um mês e onde tudo faltava, segundo afirma. Pede a demissão do lugar concorrendo para Arruda dos Vinhos sendo aí colocado e toma posse em 8 de Setembro de 1885. Por alvará do Governo Civil de Lisboa foi, entretanto nomeado subdelegado de saúde do mesmo concelho.
Aqui exerce cerca de 46 anos a sua profissão, até à aposentação, que se verificou por limite de idade em 1931.
Tem intervenção em 301 partos, tratando alguns milhares de cabeças lesadas por agressão, algumas com fracturas de crânio que os cacetes arrudenses são rijos e pesados e vibrados de cima para baixo encontram sempre primeiro a cabeça, além de ajustar algumas costelas ou braços fracturados pelos mesmos motivos.
Recebeu da Direcção-Geral de Saúde um atestado de louvor, exerceu o lugar de Delegado de Saúde e foi publicada no Diário do Governo uma Portaria em que é louvado pelo Ministro do Interior devido esforço e dedicação com que desempenhou as funções de médico Sanitário.
Casou no Porto com D. Leonor Sousa Maia, havendo deste matrimónio um filho.
Um dos seus netos, Tito de Sousa Noronha, licenciou-se em medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa e foi médico nos Hospitais Civis de Lisboa.
Percorria todo o concelho a cavalo, de carruagem ou a pé por montes e serras, sempre diligente, abandonando as refeições, as festas, o teatro ou as touradas a que assistia para socorrer os seus doentes, muitas vezes mesmo com sacrifício da própria bolsa.
Dava sempre a sua colaboração às organizações locais.
Foi colaborador assíduo do semanário vila-franquense Vida Ribatejana, de revistas e boletins. Abordou memórias, etnografia, história e arqueologia. Escreveu contos e novelas.
Cultivou igualmente a música e o teatro, tendo sido autor de uma peça que foi levada à cena em Vila Franca de Xira.
Tito de Noronha era um narrador irónico, recorrendo frequentemente a metáforas.
Faleceu em Lisboa em 1946, por isso com 85 anos de idade e ficou sepultado no cemitério de Arruda dos Vinhos.
O seu nome faz parte da toponímia da vila que serviu quase uma vida inteira.
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“História de Arruda – História do Ribatejo – A autobiografia de um dos seus maiores no século XX, o Dr. Tito de Bourbon e Noronha”, Dr. Fernando Portela Gomes, in Vida Ribatejana, Edição Especial Comemorativa do 8º Centanário da Conquista do Ribatejo e da Estremadura aos Mouros, 1947.
Memórias de um João Semana – Crónicas – Tito de Bourbon e Noronha, Arruda dos Vinhos, 2006
http://www.cm-arruda.pt