[Fachada do templo. Foto JV, 1986]
A igreja paroquial de Nª Sª das Flores ou de Maria SS das Flores representa a património histórico-artístico da povoação.
É dada como construída no século XVI e Duarte de Armas já a representa no seu Livro das Fortalezas dos princípios daquele século.
Como se pode verificar, na fachada do templo já se pode observar uma configuração muito próxima da actual, falta-lhe apenas a parte cimeira em pedraria que suporta os sinos.
[A igreja vista por Duarte de Armas no século XVI]
Possivelmente, esta parte foi concluída em meados do século XVIII.
A igreja possui valiosas pinturas da escola franco-florentina.
A sua padroeira é a Virgem de La Rábida, cuja imagem barroca, esculpida no século XVII, foi restaurada recentemente (1980) pelo artista León Ortega.
É-lhe dedicada uma festa anual, que tem lugar no fim de semana seguinte ao Domingo de Páscoa, com uma duração de quatro dias, fazem-se procissões pelas ruas da povoação sendo levada a imagem no andor aos ombros dos seus vizinhos e escoltada por jovens dançarinos envergando trajos típicos. É hábito os alcoutenejos associarem-se a tais festejos.
Está situada numa posição elevada e rodeada de escadarias.
A porta principal é de arco perfeito. Por cima, o campanário em pedra à vista com dois patamares, o primeiro com duas aberturas, tendo cada uma o seu sino e no superior mais estreito com uma abertura e um sino. Devido à posição relativamente segura, é costume as cegonhas aproveitarem o local para fazer ninho, o que acontece igualmente em Alcoutim na Ermida de Nª S. da Conceição.
As grandes janelas dão boa luminosidade às três naves e quatro tramos de arcos redondos.
À entrada e à esquerda encontra-se a pia baptismal de granito.
Por cima da porta principal e em posição mais elevada situa-se o coro.
O púlpito é de ferro e de forma hexagonal.
No altar-mor a Imagem da Padroeira, bonita e bem conservada. Cúpula semicircular.
O chão é forrado de mosaicos pretos e brancos entrecruzados.
Servia-a um cura vigário de concurso e provisão ordinária, isto pelo menos em meados do século XIX.
[Interior do templo]
Junto a esta igreja o Conde Jerónimo Ró, comandante desta fronteira, na altura das Guerras da Restauração, construiu um forte para se poder opor aos ataques oriundos de Alcoutim, mas como tal não assegurou a defesa ambicionada construiu ou restaurou o Castelo de S. Marcos que acabou por ser ocupado por Schomberg em 1665.
Após as pazes e o regresso dos sanluquenhos, uma das tarefas foi tentar recuperar os cinco altares que tinham sido levados e que estavam espalhados por vários locais.
Conseguiram recuperar o altar-mor da igreja que se encontrava em Mértola, pagando 2000 reais de resgate. Para que isto acontecesse, naturais desta povoação tiverem que se deslocar várias vezes a Lisboa.
No período salazarista era o relógio desta igreja que fornecia horas a Alcoutim já que o relógio municipal localizado na Igreja de Nª Sª da Conceição não funcionava, estava caduco e não havia dinheiro para outro. Isso só veio a acontecer depois do 25 de Abril de 1974.
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Livro das Fortalezas, Duarte de Armas, Fac-simile do MS.. 159 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Introdução de Manuel da Silva Castelo Branco, 2ª Edição, Lisboa 1997.
Diccionario Geográfico-Estadistico-Histórico de España y sus posesiones de Ultramar, por Pascual Madoz, Madrid, 1845-1850)
História de Sanlúcar de Guadiana (dactilografado)
Wikipédia, a enciclopédia livre
http://virgendelarabida.es/
“Especial Sanlúcar” in Jornal do Algarve de 7 de Dezembro de 2000