Esta alfaia agrícola, ainda que já não tenha a importância
que teve, é um verdadeiro símbolo do trabalho campesino.
Como é sabido, na nossa língua o ditongo oi substitui-se de uma maneira geral por
ou, sendo assim, diz-se foice ou fouce.
Naturalmente, aos exemplares mais pequenos chamam-se
foicinhas ou foicinhos.
Trata-se de um instrumento formado por duas partes, uma
barrinha curva de ferro ou de aço e com gume serrado.
Na extremidade que não é curva é embutida por um cabo de
madeira que se destina a poder efectuar o seu manejo.
Utiliza-se para ceifar ou segar, isto é a cortar as searas
maduras. Tendo sido Alcoutim um concelho cerealífero teve grande importância
local, tanto no seu uso como no fabrico.
Sobre a sua feitura e técnica já o nosso colaborador Gaspar
Santos se pronunciou neste espaço com um interessante texto (*) que enriqueceu
o nosso conhecimento, pois a única coisa que sabíamos era ter existido uma
afamada fábrica artesanal de foices. A técnica é-nos explicada por este
colaborador. Enquanto em Alcoutim eram feitas com uma única barrinha, os
concorrentes utilizavam duas, pois se as fizessem só numa, partia-se com muita
frequência.
Havia em todo o concelho várias fabriquetas de foices e se a
memória não nos falha, a última a funcionar foi em Corte Serranos ,
freguesia de Martim Longo, isto já depois da nossa presença em Alcoutim.
Ao picar a foice, ou seja construir o serrilhado que ficava
sempre virado para cima, determinava o seu uso ora por dextros ora por esquerdinos.
Havia de vários tamanhos sendo as dos homens maiores. As pequenas, como já
dissemos, chamavam-se foicinhas ou foicinhos destinavam-se ao corte de erva
para os animais.
A mudança tecnológica para a ceifa mecânica obrigou
naturalmente ao fecho destas pequenas fabriquetas, pois se o uso da foice não
acabou, reduziu-se drasticamente.
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(*) - Vide Blogue ALCOUTIM LIVRE, post de 3 de Julho de 2009 – A
Fábrica de Foices de Alcoutim – Qual o segredo da sua tecnologia??