Corte Velha, 1972. Foto de JV |
Pertenceu à Real Capela de Nª Sª da Conceição, na vila de
Alcoutim a quem teria sido doada em época que desconheço.
O dado mais antigo que possuo é de 1826, pois nesta altura
pagava de décima 2.160 réis.
O prof. Trindade e Lima num dos
seus escritos, afirmou: Das abas do
concelho de Castro Marim, que deitam para a Foupana, veio um ano à feira de
Alcoutim um velho e abastado lavrador. Encontrou meu pai, e como eram
conhecidos, com ele travou conversa. Meu pai, como era seu costume, fez a
apologia da necessidade de os homens se instruírem. Dizia ele:- Os pobres ficam
mais ricos e os ricos ficam mais protegidos contra os reveses da fortuna. Se a
roda desta desanda, a sua cultura ajuda-os a ganhar a vida em qualquer parte e
em qualquer circunstância. Ouviu, convenceu-se e decidiu-se o velho lavrador.
Voltando a sua casa, na Corte Velha, disse para o filho: Eu quero que os meus
netos vão estudar.
Acabam com esta decisão os ócios de um filho do lavrador e começou,
então, propriamente, a vida do saudoso doutor João Francisco Dias. (1)
Este abastado lavrador era,
segundo creio, Manuel Francisco Dias, avô paterno daquele que veio a ser o
distinto médico Dr. João Francisco Dias. (2)
A herdade que em título referimos
estava aforada em 1851 a
José Dias que se apresenta com o seu filho Francisco na
Câmara (proprietária da Real Capela) pretendendo que fosse feito um novo
aprazamento a favor de seu filho, passando o foro para mais dez alqueires de
trigo, o que ficou a constituir o foro anual de oitenta alqueires.
Foi lavrada então nova escritura
de aforamento, pelo tempo de três vidas, sendo a primeira a do dito Francisco,
este indicará a 2ª e esta a 3ª.
O foro veio a ser remido em 7 de
Novembro de 1878, tendo sido entregue pelo Administrador do Concelho seis inscrições
de dívida pública que totalizam 1.900 réis e provenientes daquela alienação. (3)
As hoje designadas Corte Velha e
Corte Nova eram por essas alturas conhecidas por Cortes de S. Tomé.
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(1) “ Um Médico Exemplar: o Dr.
João Francisco Dias”, Trindade e Lima, Revista O Século (?) . Tomámos conhecimento deste artigo na
barbearia do Sr. João Madeira (Ricardo), onde se encontrava exposto. Não nos
soube dizer o título da Revista e muito menos a data.
(2) - Assento de baptismo nº 33, de 2 de Maio de
1899, freguesia de Odeleite, concelho de Castro Marim. O padre que o ministrou,
Augusto Octaviano Rafael Pinto, tinha ligações familiares à vila de Alcoutim.
(3)) - Acta da Sessão da C.M.A. de 31 de
Outubro de 1878.