sábado, 13 de abril de 2013

O meu avental multifunções!





Escreve

Maria Dias



Vou para a cozinha e ponho o meu avental. Começo as tarefas do fogão, da loiça, da mesa.

Toca o telefone. Com o meu avental ainda posto, vou ouvindo uma amiga angustiada e ansiosa por alguém que saiba e a consiga ouvir.

Vou-lhe dando algumas respostas (poucas) de ânimo e consolo, e volto ao refogado. Acrescento o arroz e reduzo o lume. Enquanto cose, venho ao computador, procurar notícias das “crianças” e/ou de alguma amiga, ou dar uma vista de olhos pelos jornais.
Ups, o arroz! Está quase a esturrar! Lá vou eu e o meu avental, a descer as escadas à pressa. Cuidado, acalma-te, ainda cais! (falo para mim mesma).

Tocam à porta. Pergunto quem é, e esquecida que ainda estou de avental, abro a porta ao carteiro. Assino os registos. E agora? São horas de almoçar e não vem ninguém. Lembro-me que é dia de trabalho. Estou só. Começo a almoçar. Acompanham-me as notícias da TV e o meu passarinho a competir com o seu estridente chilrear. Ainda com o meu avental, vou comendo, ouvindo, pensando nas famílias que a esta hora não terão nada na mesa.

Levanto-me, arrumo o prato, dou um jeito à bancada da cozinha.

Finalmente, retiro o meu avental, dou uma espreitadela ao espelho, um jeito ao visual e saio de casa. Vou para as minhas actividades lúdicas e/ou tratar de assuntos no exterior.

Final da tarde, regresso a casa. Volto a colocar o meu avental, preparo o jantar, a mesa e finalmente, janto acompanhada. A minha muito valiosa companhia de há já 30 e tais anos. Minutos depois, o meu avental volta ao seu cabide. Amanhã o dia promete não ser muito diferente.

Não muito longe, vão os dias em que tudo era muito mais agitado. O almoço era comido em pé, tarde e a más horas, e o passarinho chilreava sozinho em casa.

Por tudo o que tenho e por tudo o que vivi, DEUS SEJA LOUVADO.