quarta-feira, 1 de maio de 2013

Liberdade Pátria Livre


 (Publicado no Diário de Notícias de 25 de Setembro de 1995)

Ela chama-se Liberdade Pátria Livre Barradas Ayres. E quando se junto aos repastos comunistas em Constância, a sua história vem sempre à baila. Há 50 anos que é comunista porque os “seus fins são profundamente humanos”.

Foi por pouco que Liberdade Pátria Livre não teve que mudar de nome. Se o notário do dia anterior fosse exigente, como o do dia seguinte.

Liberdade nasceu na Madeira. O atraso de uma declaração impediu que o Presidente da República, Bernardino Machado, fosse seu padrinho.

Tanto ele como Afonso Costa eram amigos da família. Um clã que se orgulhava de ser republicano e laico. O seu pai, Manuel Ayres, fez parte do grupo de republicanos que lutaram na Rotunda.

Quando chegou a ditadura este funcionário público não se deu bem com o regime. Foi parar aos Açores, Madeira e Alcoutim (*), na altura a” região mais atrasada do País”.

Mas Liberdade lá acabou por conseguir a transferência para mais perto da família. Liberdade Pátria Livre foi então parar à vila de Constância “por laços familiares”.

Com 74 anos, solteira, recorda o dia em que se filiou no Partido Comunista. Há 50 anos. Quando o seu irmão Vasco foi preso pela PIDE.

Nessa altura, Liberdade não constava do léxico político e os amigos quando queriam gritar por ela, diziam: “E viva a irmã do Vasco”

P.F.

(*) - Funcionário de Finanças.