(Publicado no Diário de Notícias de 25 de
Setembro de 1995)
Ela chama-se Liberdade Pátria Livre Barradas Ayres. E quando
se junto aos repastos comunistas em Constância, a sua história vem sempre à baila.
Há 50 anos que é comunista porque os “seus fins são profundamente humanos”.
Foi por pouco que Liberdade Pátria Livre não teve que mudar
de nome. Se o notário do dia anterior fosse exigente, como o do dia seguinte.
Liberdade nasceu na Madeira. O atraso de uma declaração
impediu que o Presidente da República, Bernardino Machado, fosse seu padrinho.
Tanto ele como Afonso Costa eram amigos da família. Um clã
que se orgulhava de ser republicano e laico. O seu pai, Manuel Ayres, fez parte
do grupo de republicanos que lutaram na Rotunda.
Quando chegou a ditadura este funcionário público não se deu
bem com o regime. Foi parar aos Açores, Madeira e Alcoutim (*), na altura a” região
mais atrasada do País”.
Mas Liberdade lá acabou por conseguir a transferência para
mais perto da família. Liberdade Pátria Livre foi então parar à vila de
Constância “por laços familiares”.
Com 74 anos, solteira, recorda o dia em que se filiou no
Partido Comunista. Há 50 anos. Quando o seu irmão Vasco foi preso pela PIDE.
Nessa altura, Liberdade não constava do léxico político e os
amigos quando queriam gritar por ela, diziam: “E viva a irmã do Vasco”
P.F.
(*) - Funcionário de Finanças.
(*) - Funcionário de Finanças.