quarta-feira, 15 de maio de 2013

"Costura"


Como é do conhecimento geral, é frequente encontrar nas jovens de hoje quem não saiba pregar um botão, fazer uma bainha ou qualquer outro pequeno trabalho de costura.

Com o rodar dos tempos, a assimilação de tarefas por ambos os sexos, sem distinção, é cada vez menos diferenciada.

Profissões que  foram vedadas ao sexo feminino são hoje exercidas com toda a naturalidade. É dos nossos dias o poderem exercer funções de juiz, nas forças armadas ou nas forças policiais. Quando ingressei na categoria profissional em que vim a aposentar-me, era impedido o ingresso ao sexo feminino, só permitido, se a memória não me falha, durante o período “marcelista”. Desta maneira, nunca me encontrei com senhoras em concursos públicos.

Taxistas, mecânicas, motoristas de longo curso, pedreiras, entre outras, são algumas que muito recentemente se vêem exercer.

Mas o assunto a desenvolver não é sobre esta temática, servindo apenas de mera introdução.

Pretendo hoje apresentar um objecto utilitário que foi muito usado no concelho de Alcoutim, aliás, em todo o país, mas com características diferentes de região para região, mas sempre com a mesma funcionalidade.

Costura é, naturalmente, o acto de costurar, isto é, coser tecidos, peles ou outros materiais, confeccionando ou reparando peças de vestuário.

Assim, é natural que os utensílios a utilizar como tesouras, dedais, agulhas de vários tipos e materiais a utilizar como linhas, elásticos , botões, molas ou colchetes se encontrem no mesmo lugar.

Nasce assim a necessidade de arranjar esse objecto, normalmente de reduzidas dimensões.

A matéria para a sua confecção era variada e muitas vezes diferente de zona para zona, conforme a sua existência natural.

Os canaviais nas margens do Guadiana e seus afluentes, tal como junto aos barrancos, eram um precioso recurso a que os alcoutenenses deitavam mão para resolver muitos dos seus problemas.

A cana no concelho de Alcoutim constituiu um sustentáculo importante na vida alcouteneja, como já o escrevi.

Entre muitas utilizações que não vou repetir, o alcoutenejo tecia pequenas cestas de cana sempre com uns efeitos mais requintados e que constituíam na casa a cesta da costura, normalmente com duas asas laterais, como a foto apresenta.

Este exemplar andará, segundo a sua possuidora, por volta de um século de existência, notando-se perfeitamente a cor acastanhada da cana que os muitos anos de “vida” motivaram.

Por uma questão prática, deixou de se chamar ”cesta da costura” para apenas se dizer costura.