Como é do conhecimento geral, é frequente encontrar nas
jovens de hoje quem não saiba pregar um botão, fazer uma bainha ou qualquer
outro pequeno trabalho de costura.
Com o rodar dos tempos, a assimilação de tarefas por ambos
os sexos, sem distinção, é cada vez menos diferenciada.
Profissões que foram
vedadas ao sexo feminino são hoje exercidas com toda a naturalidade. É dos
nossos dias o poderem exercer funções de juiz, nas forças armadas ou nas forças
policiais. Quando ingressei na categoria profissional em que vim a
aposentar-me, era impedido o ingresso ao sexo feminino, só permitido, se a
memória não me falha, durante o período “marcelista”. Desta maneira, nunca me
encontrei com senhoras em concursos públicos.
Taxistas, mecânicas, motoristas de longo curso, pedreiras,
entre outras, são algumas que muito recentemente se vêem exercer.
Mas o assunto a desenvolver não é sobre esta temática,
servindo apenas de mera introdução.
Pretendo hoje apresentar um objecto utilitário que foi muito
usado no concelho de Alcoutim, aliás, em todo o país, mas com características
diferentes de região para região, mas sempre com a mesma funcionalidade.
Costura é, naturalmente,
o acto de costurar, isto é, coser tecidos, peles ou outros materiais,
confeccionando ou reparando peças de vestuário.
Assim, é natural que os utensílios a utilizar como tesouras,
dedais, agulhas de vários tipos e materiais a utilizar como linhas, elásticos ,
botões, molas ou colchetes se encontrem no mesmo lugar.
Nasce assim a necessidade de arranjar esse objecto,
normalmente de reduzidas dimensões.
A matéria para a sua confecção era variada e muitas vezes
diferente de zona para zona, conforme a sua existência natural.
Os canaviais nas margens do Guadiana e seus afluentes, tal
como junto aos barrancos, eram um precioso recurso a que os alcoutenenses
deitavam mão para resolver muitos dos seus problemas.
A cana no concelho de Alcoutim constituiu um sustentáculo importante
na vida alcouteneja, como já o escrevi.
Entre muitas utilizações que não vou repetir, o alcoutenejo
tecia pequenas cestas de cana sempre com uns efeitos mais requintados e que
constituíam na casa a cesta da costura, normalmente com duas asas laterais,
como a foto apresenta.
Este exemplar andará, segundo a sua possuidora, por volta de
um século de existência, notando-se perfeitamente a cor acastanhada da cana que
os muitos anos de “vida” motivaram.
Por uma questão prática, deixou de se chamar ”cesta da
costura” para apenas se dizer costura.