O Barranco do Tamujoso ao Cerro da Machada. Foto JV, 2013 |
Já escrevemos neste espaço sobre o Rio Guadiana nas suas
várias vertentes e como grande responsável pela existência da vila de Alcoutim
e sobre os seus afluentes que se relacionam com o concelho de Alcoutim ou seja
a Ribeira do Vascão, a de Odeleite, a da Foupana e também sobre a pequena
ribeira de Cadavais ou de S. Marcos.
O conceito de barranco é muito vasto: - sulco feito no solo
pelas enxurradas, barroca, ravina, precipício, ribanceira de rio, encosta
íngreme não coberta de vegetação, escarpa, despenhadeiro.
Daquilo que nos temos apercebido em Alcoutim, barrancos são
sulcos mais ou menos profundos, escavados nas encostas dos cerros para onde
correm rapidamente as águas pluviais, os de maiores dimensões formam pequenos
cursos de água no Inverno.
Dos barranquinhos passam para outros mais extensos e assim
sucessivamente, havendo alguns de dimensões avantajadas, como provam os sulcos
deixados pelas enxurradas.
Quando as chuvadas são intensas provocam aquilo a que os
alcoutenejos chamam de barrancadas e isso servia para avaliar a persistência e
volume das chuvas.
Era habitual os habitantes da vila apreciarem o volume das
barrancadas transportadas para a ribeira de Cadavais onde as águas impetuosas
saltavam das margens quando se aproximavam da foz e as suas águas eram “ludras”,
termo que aprendemos em Alcoutim e que significa barrentas, pois ao correrem
para os barrancos arrastavam a terra mais superficial, deixando muitas vezes os
cerros no “osso”.
Pego da Machada. Foto de JV, 2013 |
Esta pequena introdução serviu para apresentar o Barranco do
Tamejoso ou Tamujoso como o povo o indica.
Tem a sua origem, segundo dizem, para os lados do monte do
Coito, vencendo a estrada nacional 122 através de um aqueduto nas proximidades
de Santa Marta.
Pego dos Penedos. Foto de JV, 2013 |
No Inverno vai correndo com maior ou menor caudal conforme
as chuvas e no Verão vão ficando alguns pegos, havendo alguns que nunca se
secam e são aproveitados para o gado beber.
Em meados do século passado, as mulheres recorriam a estes
pegos para lavarem a roupa, pois em casa isso não era possível por falta da
mesma. Haver nas proximidades para beber, já era muito bom, pois por vezes isso
não acontecia. Há notícias, no século XIX que em anos de estiagem as populações
dos montes tinham de ir abastecer-se de água às ribeiras como meio de
suprimirem essa falta e queixavam-se à Edilidade nesse sentido, solicitando a
abertura de novos poços públicos ou do seu aprofundamento.
Depois de Santa Marta existe o Pego da Quebrada onde nas
proximidades se explorou uma mina, depois, mais abaixo, o da Machada que tomou
o nome de uma zona rústica e logo a
seguir o Pego dos Penedos que constitui uma espécie de bacia em pedra que retém
com mais facilidade a água e ajeitando, talvez há milénios, a rocha às suas
necessidades.
Um pouco mais abaixo, o Pego da Arroteia que de certa
maneira obstrue o caminho.
O Pego seguinte é o Redondo e depois da “foz” do Barranco da
Lapa há o Pego dos Peixes, depois o da Rocha da Abelheira e por fim o das
Voltinhas do Ti André, que tomou este nome devido a um indivíduo do monte de
Afonso Vicente que por ali tinha terras onde trabalhava e de que ainda existem
descendentes no monte.
Desconhecemos se existirá mais algum até desaguar na ribeira
do Vascão.