A ferrajaria foi sempre uma arte muito praticada pelos
portugueses e em séculos passados espalhava-se por todo o país, mesmo pelos
lugares mais recônditos.
Com efeito, Alcoutim não fugia à regra apesar do seu
isolamento.
A cama de ferro foi sempre uma das peças mais emblemáticas,
existindo de três tamanhos, a de casal, a maior, de corpo e meio e a individual
ou de solteiro, a mais pequena.
Os quartos, na altura, tinham, naturalmente, a cama e quando
muito um lavatório também de ferro, uma mala ou baú e uma cadeira que por vezes
servia de mesa-de-cabeceira.
São vários os tipos de cama, dos mais simples aos mais
trabalhados e alguns acabam por ter designações populares pelas quais são
conhecidos.
O que a foto apresenta é conhecido, como o título indica,
por cama de ferro de “amarelos”. Neste caso, o formato é de corpo e meio.
A peça da cabeceira
é absolutamente igual à dos pés, o
que nem sempre acontece noutros modelos. O trabalho do ferro em linhas direitas
é do mais simples que há. A sua distinção ou beleza está precisamente nos
amarelos ou seja, nos dois varões superiores, tanto na parte que serve de
cabeceira como na oposta.
As quatro maçanetas esféricas e adornadas, de tamanho
idêntico, encaixam noutras tantas peças do mesmo metal que fazem a ligação
entre o pé e o varão.
Os pés possuíam pequenas rodas giratórias, que este exemplar
já não tem, pois a sua existência tem seguramente próximo de um século.
Os amarelos quando estão devidamente polidos chamam a
atenção.
Enquanto nos sítios mais evoluídos a limpeza era feita com
um líquido conhecido por “selarine”, por aqui e como se compreende os métodos
eram diferentes e utilizava-se a pele da amêndoa, o que eu desconhecia
totalmente.