(PUBLICADO NO JORNAL DO BAIXO GUADIANA Nº 70 DE DEZEMBRO DE 2005 E
Nº 71 DE JANEIRO DE 2006, PÁGS. 13 E 18, RESPECTIVAMENTE)
Edifício onde funcionou o posto da
da GNR em Alcoutim.
Foto JV, 1988
|
Logo
após a Implantação da República, pelo Decreto de 12.10.1910, foi nomeada pelo
Governo Provisório, uma comissão composta por três elementos, para estudar a
organização de um corpo de segurança pública para todo o País.
A
Guarda Republicana em Lisboa e Porto foi criada para substituir a Guarda
Municipal, então existente e pelo Decreto de 3 de Maio de 1911 é organizada a
Guarda Nacional Republicana, extensiva a todo o país pela Lei nº 1 de 1 de
Julho de 1913. (1)
À
Guarda compete manter e restabelecer a segurança dos cidadãos e da propriedade
pública, privada e cooperativa, prevenindo ou reprimindo os actos ilícitos
contra eles cometidos. (2)
O
vice-presidente da Câmara, na Sessão de 31 de Julho de 1913, por isso um mês
após a saída da lei, informa a vereação que por mais de uma vez o Comandante
Geral da G.N.R. lhe tem solicitado que o informe quando se acha preparado o
quartel e mobiliário para a instalação do posto na vila, a fim de ser tudo
inspeccionado pelo delegado daquele comando.
Parece
que por essa altura tudo estaria muito atrasado ou mesmo por iniciar.
Depois
da troca de impressões, o vice-presidente é encarregado de, com toda a
urgência, mandar preparar as casas destinadas ao quartel e fazer a aquisição do
mobiliário necessário.
Não
sabemos o que se passou pois só treze anos depois obtivemos referência a esta
força policial, já que o comando da G.N.R. do distrito comunicava o
estabelecimento na sede do concelho de um posto da mesma Guarda. Iria ser
enviada uma relação do material necessário. A Comissão Administrativa (3)
deliberou, logo que a relação chegasse, fosse mandado reparar o material
existente nos extintos postos da vila
e da aldeia de Martim Longo e bem assim adquirir o material novo que venha a
ser necessário e não existente.
Desta
leitura, de documentos oficiais, conclui-se que o posto devia ter sido criado
mas que, por falta de condições, foi extinto, desconhecendo-se quando.
Seis
meses depois o posto ainda não funcionava já que o oficial que veio fazer a
vistoria para a sua instalação, deu as piores informações no seu relatório
sobre a casa destinada pela Câmara para o posto e isto segundo o Presidente da
Comissão Administrativa, apesar do referido oficial lhe ter dito achar em boas
condições as indicadas instalações.
Em
face de tal situação, a Câmara resolveu pôr o assunto directamente ao Comando
Geral, tendo para o efeito credenciado o alcoutinense, Manuel Domingos, na
altura alferes da Administração Militar, residente em Lisboa, para o fazer, já
que é um grande amigo da sua terra de que noutras ocasiões já deu provas. (4)
Depois
de outros contactos feitos em Lisboa pelo Presidente da Comissão
Administrativa, Prof. Manuel José da Trindade e Lima, conseguiu-se que um
oficial superior viesse vistoriar a casa destinada ao posto, já que o
Comandante da Secção de Tavira o reprovou. (5)
A
casa destinada ao posto acabou por ser aprovada, desde que fossem efectuadas as
modificações propostas por quem efectuou a vistoria.
O
prédio que se tem vindo a referir é aquele em que ainda hoje se encontra a
G.N.R. e outros serviços públicos e que na altura estava alugado pela Câmara ao
seu proprietário, Francisco de Barros Morais que autorizou as modificações
necessárias, desde que, uma vez acabado o aluguer, tudo volte à mesma situação.
(6)
Sabemos
que pelo menos em 26 de Fevereiro de 1931 já o posto funcionava.
Em
1935 foi comunicado que o Comando Geral tinha aprovado a criação do posto na
aldeia de Martim Longo, sendo contudo necessário o arranjo da casa e de algum
material. (7)
Em
29 de Julho de 1939 já o posto da vila estava extinto por ordem Superior e procura-se
junto do Governador Civil para que venha a ser reactivado. Um ano depois a
situação mantinha-se e devido a uma vaga de roubos, a Câmara requisitou uma
patrulha que andaria em seu serviço e de um particular.
Em
6 de Novembro de 1949 é inaugurado o posto da G.N.R. da vila, sendo a Câmara
presidida pela Prof. José Maria Mendes Amaral. Pensamos que desde essa data,
nunca mais foi extinto, ainda que várias vezes tivesse ouvido falar nessa
hipótese.
O
posto de Alcoutim tem a sua área de acção nas freguesias de Alcoutim, Pereiro e
Giões enquanto o de Martim Longo tem a seu cargo aquela freguesia, a de
Vaqueiros e ainda a de Cachopo do concelho de Tavira.
Em
1989 a
Câmara Municipal colaborou na reconstrução dos postos de Alcoutim e Martim
Longo. (8)
Um
soldado do Posto de Martim Longo, Agostinho Francisco Ferreira, foi assassinado
no exercício das suas funções em 13 de Maio de 1980, tendo sido postumamente
promovido a 1º cabo.
NOTAS
(1)
– Dicionário de História de Portugal,
(Dir. de) , Joel Serrão.
(2)
- O Três da Guarda - Boletim nº 11,
Ano 4 - Maio /1986.
(3)
- Acta da Sessão da C.M.A. de 12 de
Dezembro de 1929.
(4)
- Acta da Sessão da C.M.A. de 12 de
Junho de 1930.
(5)
- Acta da Sessão da C.M.A. de 4 de
Agosto de 1930
(6)
- Acta da Sessão da C.M.A. de 25 de
Setembro de 1930.
(7)
- Acta da Sessão da C.M.A. de 28 de
Março de 1935.
(8)
- Boletim Municipal nº 5 de SET/1989,
da C.M.A.