O
agravamento dos impostos e um decreto de Costa Cabral que proibia o
enterramento nas igrejas, ordenando-o nos cemitérios públicos, entre outras
situações, originou um levantamento popular que estalou no mês de Março de 1846
na freguesia de Fonte Arcada, concelho de Póvoa de Lanhoso. O nome de Maria da
Fonte parece ter vindo de uma mulher que deu início aos tumultos e que moraria
naquele lugar.
O
movimento alastrou a todo o Minho e depois por todo o País. As cadeias foram
arrombadas e as repartições públicas postas a saque.
Mais
uma vez Alcoutim não fica parada. Em sessão extraordinária de 9 de Junho de
1846, reúne-se a Câmara com cidadãos que quiseram comparecer.
O
Presidente disse que “com quanto
felizmente neste concelho se tenha conservado inalterável o sossego público e
todos os seus habitantes se possam considerar modelos de obediência às Leis,
todavia lhe parecia conveniente para remover do nosso silêncio qualquer juízo
menos favorável (...) dessem um testemunho autêntico da sua aderência aos
princípios proclamados no Minho, seguidos em quase todo o Reino e já
reconhecidos por sua Majestade e que este era o fim da presente reunião
extraordinária e que esperava que todos de bom grado anuíssem.”
Esta proposta foi, unanimemente, aprovada com obediência e submissão ilimitada a Sua Majestade a Rainha e à Carta Constitucional da Monarquia, em harmonia com o Decreto de 10 de Fevereiro de 1842. É, igualmente, manifestado o desejo de cooperar com a Junta Provisória do distrito no sentido de ver no conselho de Ministros homens recomendáveis e que façam a felicidade do nosso malfadado País.
Em
23 de Outubro voltaram a reunir as forças vivas do concelho confirmando a sua
adesão ao movimento do Minho.
No
ano seguinte, a 23 de Junho e em sessão extraordinária da Câmara, estando
presente o Administrador do Concelho, José Cláudio da Fonseca, de Martim Longo,
mas natural de S. Brás de Alportel e os cidadãos que compuseram a Câmara no
biénio de 1845-46, o dito Administrador e em cumprimento de ordens emanadas do
Governo Legítimo de Sua Majestade a Rainha que lhe foram transmitidas pelo
Governo Civil do distrito, faz cessar as funções da Câmara de origem Rebelde
fazendo entrar, imediatamente, em exercício a que serviu até 11 de Outubro de
1846.
A
Câmara era composta por António Gonçalves, que presidia, José Guerreiro e
Dionísio Guerreiro, como vereadores, todos eles, afinal, foram apoiantes da
Câmara Rebelde conforme consta das actas. A posse teve lugar no dia 31 daquele
mês.
A
revolta da Maria da Fonte terminou por intervenção estrangeira solicitada por
D. Maria II (Convenção de Gramido) e assinada em 29 de Junho de 1847.