sábado, 11 de agosto de 2012

Reflexos da Revolução da "Maria da Fonte" na Vila de Alcoutim

O agravamento dos impostos e um decreto de Costa Cabral que proibia o enterramento nas igrejas, ordenando-o nos cemitérios públicos, entre outras situações, originou um levantamento popular que estalou no mês de Março de 1846 na freguesia de Fonte Arcada, concelho de Póvoa de Lanhoso. O nome de Maria da Fonte parece ter vindo de uma mulher que deu início aos tumultos e que moraria naquele lugar.

O movimento alastrou a todo o Minho e depois por todo o País. As cadeias foram arrombadas e as repartições públicas postas a saque.

Mais uma vez Alcoutim não fica parada. Em sessão extraordinária de 9 de Junho de 1846, reúne-se a Câmara com cidadãos que quiseram comparecer.

O Presidente disse que “com quanto felizmente neste concelho se tenha conservado inalterável o sossego público e todos os seus habitantes se possam considerar modelos de obediência às Leis, todavia lhe parecia conveniente para remover do nosso silêncio qualquer juízo menos favorável (...) dessem um testemunho autêntico da sua aderência aos princípios proclamados no Minho, seguidos em quase todo o Reino e já reconhecidos por sua Majestade e que este era o fim da presente reunião extraordinária e que esperava que todos de bom grado anuíssem.”


Esta proposta foi, unanimemente, aprovada com obediência e submissão ilimitada a Sua Majestade a Rainha e à Carta Constitucional da Monarquia, em harmonia com o Decreto de 10 de Fevereiro de 1842. É, igualmente, manifestado o desejo de cooperar com a Junta Provisória do distrito no sentido de ver no conselho de Ministros homens recomendáveis e que façam a felicidade do nosso malfadado País.

Em 23 de Outubro voltaram a reunir as forças vivas do concelho confirmando a sua adesão ao movimento do Minho.

No ano seguinte, a 23 de Junho e em sessão extraordinária da Câmara, estando presente o Administrador do Concelho, José Cláudio da Fonseca, de Martim Longo, mas natural de S. Brás de Alportel e os cidadãos que compuseram a Câmara no biénio de 1845-46, o dito Administrador e em cumprimento de ordens emanadas do Governo Legítimo de Sua Majestade a Rainha que lhe foram transmitidas pelo Governo Civil do distrito, faz cessar as funções da Câmara de origem Rebelde fazendo entrar, imediatamente, em exercício a que serviu até 11 de Outubro de 1846.

A Câmara era composta por António Gonçalves, que presidia, José Guerreiro e Dionísio Guerreiro, como vereadores, todos eles, afinal, foram apoiantes da Câmara Rebelde conforme consta das actas. A posse teve lugar no dia 31 daquele mês.

A revolta da Maria da Fonte terminou por intervenção estrangeira solicitada por D. Maria II (Convenção de Gramido) e assinada em 29 de Junho de 1847.