sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A albarda, a sela rústica para o trabalho


Sela grosseira, enchumaçada de palha, usada sobretudo em animais de carga. (1)

Sela grosseira cheia de palha, usada principalmente no lombo dos animais de carga. (2)

São duas das definições que obtivemos em dicionários e como tal são muito semelhantes.

É palavra de origem árabe, de al-barba`a ou al-barda`ã (3), mais uma que este povo nos legou.

Podemos acrescentar para uma melhor definição que esta peça é feita de uma espécie de serapilheira cujo molde é cheio atacadamente de palha de centeio. Para evitar a sua deterioração rápida é forrada na parte dianteira e na traseira com carneira o que lhe dá maior resistência. Por vezes e quando o freguês o pretende, esse reforço abrange toda a periferia.

Destina-se a ser usada nos equídeos de carga e sela como o burro e gado muar. No gado cavalar usa-se a sela, o que por vezes acontece com mulas ou machos destinados preferencialmente ao transporte de pessoas.

O princípio base da albarda é o que está definido, mas depende muito da habilidade do albardeiro e de quanto o freguês pretende gastar e isto tem a ver com o uso que lhe pretende dar, exclusivamente para o trabalho ou então para se deslocar a um local mais cerimonioso.

Apresentamos uma albarda de cerimónia toda embelezada com borlas de cores berrantes e cheia de pontos de lã ao gosto do artista e outra já muito usada e de trabalho, ainda que nesta não faltem as pequenas borlas de enfeite junto à carneira dianteira.

Naturalmente tinha que se saber qual o animal a que se destinava para que o modelo pudesse estar em consonância com o seu porte.

A albarda, além de funcionar como sela grosseira, protegia o animal perante as cargas que tinha de suportar, incluindo o usa das cangalhas.

De uma maneira geral leva um dia a fazer-se uma albarda. É cosida com fio de sisal forte e depois aplica-se a carneira e mais raramente o cabedal que é muito mais caro.

A arte de albardeiro caminha para a extinção pelo menos no concelho de Alcoutim.
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NOTAS

(1) – Dicionário Verbo, Língua Portuguesa conforme o Novo Acordo Ortográfico, 2ª Edição, 2008

(2) – Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa / Verbo, 2001.

(3) – Vocabulário Português de Origem Árabe, José Pedro Machado, Editorial Notícias, 1991 (?)