domingo, 21 de outubro de 2012

O sapo, animal malquisto

Retirado com a devida vénia de (*)
Apesar de já se verificar uma melhoria acentuada, este anfíbio continua ainda a ser perseguido pelo homem que lhe atribui as mais inverosímeis façanhas como a de mamar nas tetas das ovelhas bebendo-lhe o leite.
Não há muitos anos, no concelho de Alcoutim, tentei convencer um homem, na altura, com cerca de trinta anos, que isso não era verdade, o que não consegui, pois acabou por dizer-me que já tinha visto isso várias vezes! Não se trata de nenhum analfabeto e até é considerado um bom profissional na sua área.

Se o sapo se distribui por toda a Europa, excepto a Irlanda e algumas ilhas mediterrânicas e por regiões asiáticas que chegam ao Japão, é vulgar em todo o país, aparecendo em grande número no concelho de Alcoutim onde o tenho visto.

O topónimo Sapo ou Sapos sós ou compostos são vulgares no país e derivam, naturalmente, deste anfíbio de que se conhecem imensas espécies.

Quando existiam fontanários nos montes e que alguns possuíam um pequeno reservatório na base que continha água, era vê-los à carreira dirigirem-se para lá quando a noite já ia longa nos meses de verão.

Por outro lado e também nessa altura, saíam das suas tocas, que durante o dia a pedra tornava fresca e com o seu passo lento e ritmado deslocavam-se para os lugares frescos, nomeadamente hortas devido à rega.

Era nesse ambiente fresco que procediam à sua alimentação constituída, principalmente, por invertebrados (moscas, centopeias. escaravelhos, borboletas, lesmas, minhocas).

Outro caso que conheço sobre a perseguição do sapo é o de um apicultor que dizia que os sapos lhe dizimavam o enxame. Na verdade, o sapo não sabe distinguir os insectos prejudiciais dos outros, o apicultor é que deve colocar os cortiços ou colmeias em posição que evite isso.


A captura das presas é feita pelo lançamento da língua pegajosa que é presa na boca pela extremidade anterior.

O seu aspecto na realidade não é muito atractivo, apresentando uma pele rugosa de cor variada conforme o ambiente onde vive, tem olhos com pupila horizontal e íris de cor de cobre ou avermelhada. A cabeça é grande e arredondada. Contra o que é habitual, as fêmeas são maiores do que os machos atingindo por vezes o dobro.

O acasalamento dá-se na Primavera e as fêmeas são atraídas pelo coaxar dos machos.

Retirado com a devida vénia de (**)
Os ovos não têm casca e são envolvidos por muco para a sua protecção e fixam-se com facilidade em pedras e plantas aquáticas. O tempo para o aparecimento dos girinos é variável, consoante o ambiente e pode ir de 5 a 18 dias.

Atingem a maturidade a partir do terceiro ano de vida e vivem entre 7 a 10 anos, embora possam viver 30 se estiverem livres de ameaças.

À noite, passeando por uma estrada, podem ver-se muitos sapos na sua tarefa de sobrevivência nas valetas, onde normalmente há mais fresquidão.

Várias vezes fui confrontado na minha horta com sapos que dificilmente se distinguiam do ambiente fresco que os rodeava, não se mexendo.

À saída de um monte, já decorreram uns anos, quando ia de automóvel, vi um sapo (certamente do sexo feminino) no meio da estrada de um tamanho descomunal. Nunca tinha visto uma coisa daquelas! Parei o carro para não o matar. Fui obrigado a dar umas buzinadelas para que desse um salto e me deixasse passar.
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3613/Sapo