Entrada norte da povoação. Foto JV, 2012. |
Esta
pequena e airosa povoação na margem direita do Guadiana, anexa muitas vezes em
informação e por ser mais pequena, a que a antecede no sentido norte / sul,
isto é, o Montinho (das Laranjeiras). Verdade seja que a distância que as separa,
uns 300 metros ,
é bem curta.
A
estrada municipal é ladeada de ambos os lados por algumas casas, notando-se o
embelezamento das mesmas através de flores, principalmente gerânios.
Junto
ao rio, as várzeas constituem bons terrenos para produção agrícola, nem sempre
efectuada.
A
actividade piscatória que deu de comer a muitas famílias tem declinado com o
decorrer dos tempos e até porque as condições hidrológicas modificaram-se. A
arte de pescar à colher, que aqui existia, está completamente extinta.
O
forno comunitário suportado pela comunidade e a “Lutuosa” ainda existiam em
meados do século passado, onde as conhecemos em actividade.
A
Lutuosa pagava todas as despesas do funeral dos associados falecidos, excepto o
serviço religioso. Secretário e tesoureiro eram eleitos até 15 de Janeiro.
Defunto e acompanhantes tomavam o caminho do cemitério pela via fluvial, já que
não havia estrada directa a Alcoutim como hoje existe. Estaríamos há meia dúzia
de dias em Alcoutim junto ao cais velho onde chegam três lanchas, uma com o
caixão e duas com acompanhantes, facto de que não estávamos à espera e que nos
deixou admirado.
O topónimo “vegetal” é de fácil explicação e não
admira a sua existência em tal zona.
Um aspecto da estrada marginal. Foto JV, 2012. |
Em 1865 junto ao poço público que servia os montes de
Laranjeiras, Casa Velha e Montinho, Manuel Pereira Roxo, proprietário de uma
fazenda que lhe fica junto, resolve avaladá-la
de pedra solta, o que estreitou o caminho que conduz ao poço, de tal
maneira que é quase impossível passarem bestas com cargas. Resolve o povo
reclamar junto da Câmara alegando que desde tempos imemoriais existe este poço
com o seu competente tanque de onde o povo tira água para o seu serviço e dá
água aos gados.
A Câmara, com o seu presidente, Paulo José Lopes e os
vereadores, Dionísio Guerreiro (de Giões) e José Joaquim Madeira (da vila) foi
ao local avaliar a situação e a pedido do povo.
Acabou por certificar que o poço em questão é
antiquíssimo e foi feito em terreno livre e desembaraçado de paredes em redor,
que é um poço público e não há muitos anos foi reparado à custa dos habitantes.
Considerou que deve ser deixado um espaço de 3,12 m entre a parede e o
poço. (1)
Com a energia eléctrica e após o 25 de Abril foi
possível instalar quatro fontanários para distribuição de água.
Existiam cinco furos privados destinados à rega, mas
consta-nos que em determinada altura salgaram, desconhecendo a actual situação.
Em 1883 havia um rossio no monte onde Paulo Pereira pede
terreno para fazer uma casa (2) e em que actualmente existe um “campo de
futebol”.
Neste monte e em casa de Manuel Cavaco, deu-se no dia
10 de Setembro de 1877 um acidente que resultou na morte de um homem.
Entre outras pessoas, encontrava-se um guarda da
Alfândega de Faro e um marítimo de Mértola conhecido pelo Caxata, que desejando
conhecer bem o revolver do guarda o esteve descarregando, mas inadvertidamente
deixou uma bala na câmara e ao fazer rodar o tambor fê-lo com tanta
infelicidade que a bala atravessou-lhe o peito, morrendo de imediato. O guarda
foi preso e remetido ao Tribunal de Tavira com o competente auto. (3)
No dia 6 de Fevereiro de 1890 e como terra ribeirinha
que é, foi encontrado na margem do rio o cadáver de um indivíduo do sexo
masculino, já em estado de putrefacção. (4)
Em 1987
a Câmara consegue ver colocada uma antena no cerro da
Grandaça (a que estava no Cerro da Castanha) que possibilitou ver então os dois
canais de televisão, nos montes do rio. A R.T.P. durante a emissão do dia 30 de
Abril pede que se informe das condições em que está a ser recebida a emissão.
(5)
Tal como todos os outros montes do rio, Laranjeiras
viu os seus arruamentos pavimentados em 1993.
É
dos poucos “montes” do concelho que possui um pequeno restaurante que nos
oferece alguns pratos regionais de peixe do rio e de caça, situando-se na
encosta do cerro.
O pequeno "restaurante". Foto JV, 2012. |
O velho cais vai ser substituído por um novo, cuja obra foi
adjudicada por cerca de 1000 000 euros
O arranjo paisagístico comporta a criação de zonas de sombra
e da instalação de um quiosque com sanitários, esplanada e parque de merendas
de uma forma semelhante ao que existe nos Guerreiros do Rio.
Os trabalhos já iniciados devem estar concluídos em finais
deste ano.
Apesar
das transformações operadas que tem desvirtuado o seu casario, ainda se podem
admirar algumas construções ao gosto antigo.
Em
1839 são-lhe atribuídos 20 fogos. (6)
No censo de 1991 apresentava 57 moradores e trinta e
nove fogos.
Possui
água ao domicílio e rede de esgotos desde 14 de Maio de 2010, sendo antigo o
fornecimento de energia eléctrica.
Aspecto do antigo cais. Foto JV, 2012. |
Em
1758, tal como os seus vizinhos do Montinho, Guerreiros do Rio e Álamo,
pertencia à freguesia de Alcoutim mas ao termo de Castro Marim.
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NOTAS
(1) - Acta da
Sessão da C.M.A. de 24 de Março de 1865.
(2) - Acta da
Sessão da C.M.A. de 18 de Agosto de 1883.
(3) - Of. nº
151 de 12 de Setembro de 1877 ao Governador Civil dirigido pelo Administrador
do Concelho.
(4) - Of. nº
22 de 7 de Fevereiro de 1890 ao Governador Civil, dirigido pelo Administrador
do Concelho.
(5) - Informação prestada pelo Presidente da Câmara
numa visita proporcionada ao concelho.
(6)
– Corografia do Reino do Algarve,
(anexo), João Baptista da Silva Lopes, Algarve em Foco, 1988 (edição
fac-similada da de 1841).