segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Lembrando Guerreiro Gascon

 
 
Ouvi falar de Guerreiro Gascon em 1967, quando tive conhecimento que ia ser colocado no concelho de Alcoutim. E porquê? É que o meu chefe era seu conterrâneo e colega de profissão e sabia que tinha passado profissionalmente por Alcoutim.

Curiosa a referência do seu conterrâneo que o indica como muito interessado pela escrita e por assuntos de carácter histórico, escrevendo para a imprensa regional.

Quando isto aconteceu já Guerreiro Gascon tinha falecido há mais de 15 anos.

Naturalmente, que a conversa me passou, mas quando comecei a pesquisar, a figura saltou e veio-me à memória a conversa que tinha tido anos atrás.

Desconheço o tempo que Guerreiro Gascon exerceu a sua profissão em Alcoutim, mas em 1928 já se encontrava a trabalhar no concelho de Odemira.

Com grande tendência para as letras, continuou na senda dos seus antepassados a interessar-se pelo passado monchiquense, coleccionando documentação e pesquisando onde lhe foi possível.

Em 1940 tinha pronto Subsídios para a monografia de Monchique que só veio a ser publicado postumamente, em 1955, pela acção da viúva.

Acabando por exercer a sua profissão em Monchique para onde teria pedido a transferência, foi colaborador da imprensa regional, entre outros em O Monchiquense, Notícias do Sul e Vida Algarvia.

Teve grande actividade cívica, dirigiu a Filarmónica Monchiquense, foi secretário da Santa Casa da Misericórdia e exerceu funções na Câmara Municipal.

Efectuou o estudo prévio para a constituição do brasão de armas de Alcoutim, facto que a Câmara Municipal lhe agradeceu por ofício.

Possivelmente na sequência deste estudo, publicou três artigos sobre Alcoutim, em 1928: “O brasão de Armas da Vila de Alcoutim”, O Monchiquense (Monchique) ano III, nº 56 p. 4; “Alcoutim, estação de repouso, clima ameno e suave”, Notícias do Sul (Vila Real de Santo António), ano I, nº 5 pp 3,5 e “O Brasão de Armas da Vila de Alcoutim que teve o seu primeiro foral em 9 de Janeiro de 1304”, Notícias do Sul (Vila Real de Santo António), ano I, nº 28 p.2.

Desloquei-me propositadamente a Faro no sentido de consultar esses textos mas foi-me informado que esses nºs dos jornais não existiam em arquivo, o que de certo modo nos admirou.

Além disso, na Monografia de Monchique faz várias referências a Alcoutim.

Só encontrei em Alcoutim uma pessoa que se lembrava dele, pelo menos do nome, o seu afilhado Miguel Cadenas Caimoto, já falecido.

José António Guerreiro Gascon nasceu em Monchique em 1883 e faleceu na sua terra natal em 4 de Maio de 1950.

_____________________________________

Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio (Subsídios para uma monografia), José Varzeano, 1985

Levantamento Arqueológico-Bibliográfico do Algarve, (Secretaria de Estado da Cultura – Delegação Regional do Sul) Mário Varela Gomes e Rosa Varela Gomes, Faro 1988

Wikipédia, a enciclopédia livre