Ouvi falar de Guerreiro Gascon em 1967, quando tive
conhecimento que ia ser colocado no concelho de Alcoutim. E porquê? É que o meu
chefe era seu conterrâneo e colega de profissão e sabia que tinha passado
profissionalmente por Alcoutim.
Curiosa a referência do seu conterrâneo que o indica como
muito interessado pela escrita e por assuntos de carácter histórico, escrevendo
para a imprensa regional.
Quando isto aconteceu já Guerreiro Gascon tinha falecido há
mais de 15 anos.
Naturalmente, que a conversa me passou, mas quando comecei a
pesquisar, a figura saltou e veio-me à memória a conversa que tinha tido anos
atrás.
Desconheço o tempo que Guerreiro Gascon exerceu a sua
profissão em Alcoutim, mas em 1928 já se encontrava a trabalhar no concelho de
Odemira.
Com grande tendência para as letras, continuou na senda dos
seus antepassados a interessar-se pelo passado monchiquense, coleccionando
documentação e pesquisando onde lhe foi possível.
Em 1940 tinha pronto Subsídios
para a monografia de Monchique que só veio a ser publicado postumamente, em
1955, pela acção da viúva.
Acabando por exercer a sua profissão em Monchique para onde
teria pedido a transferência, foi colaborador da imprensa regional, entre
outros em O Monchiquense , Notícias do Sul e Vida Algarvia.
Teve grande actividade cívica, dirigiu a Filarmónica Monchiquense,
foi secretário da Santa Casa da Misericórdia e exerceu funções na Câmara
Municipal.
Efectuou o estudo prévio para a constituição do brasão de
armas de Alcoutim, facto que a Câmara Municipal lhe agradeceu por ofício.
Possivelmente na sequência deste estudo, publicou três
artigos sobre Alcoutim, em 1928: “O brasão de Armas da Vila de Alcoutim”, O Monchiquense (Monchique) ano III, nº 56
p. 4; “Alcoutim, estação de repouso, clima ameno e suave”, Notícias do Sul (Vila Real de Santo António), ano I, nº 5 pp 3,5 e “O
Brasão de Armas da Vila de Alcoutim que teve o seu primeiro foral em 9 de
Janeiro de 1304” ,
Notícias do Sul (Vila Real de Santo
António), ano I, nº 28 p.2.
Desloquei-me propositadamente a Faro no sentido de consultar
esses textos mas foi-me informado que esses nºs dos jornais não existiam em
arquivo, o que de certo modo nos admirou.
Além disso, na Monografia
de Monchique faz várias referências a Alcoutim.
Só encontrei em Alcoutim uma pessoa que se lembrava dele,
pelo menos do nome, o seu afilhado Miguel Cadenas Caimoto, já falecido.
José António Guerreiro Gascon nasceu em Monchique em 1883 e
faleceu na sua terra natal em 4 de Maio de 1950.
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Alcoutim, Capital do
Nordeste Algarvio (Subsídios para uma monografia), José Varzeano, 1985
Levantamento
Arqueológico-Bibliográfico do Algarve, (Secretaria de Estado da Cultura –
Delegação Regional do Sul) Mário Varela Gomes e Rosa Varela Gomes, Faro 1988
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