D. Pedro de Meneses. Monumento em Ceuta. |
D. Pedro de Meneses, 1º Conde de Vila Real teria nascido em
Santarém (?), faleceu em Ceuta a 22 de Setembro de 1437 e jaz em magnífico
mausoléu na Igreja da Graça em Santarém, depois deste sarcófago ter sido
transferido da Capela dos Meneses no Convento de S. Francisco, na mesma cidade,
para este templo onde igualmente repousam os restos mortais de Pedro Álvares
Cabral, em campa rasa.
Era filho de D. João Afonso Telo de Meneses, 1º Conde de Viana
do Alentejo e de sua mulher Maior Portocarrero, 2ª Senhora de Vila Real. Era
primo de D. Leonor de Teles, rainha de Portugal.
Casou com D. Margarida de Miranda, filha do Arcebispo de
Braga, D. Martinho Afonso Pires de Charneca, de quem teve duas filhas, D.
Brites de Meneses, 2ª Condessa de Vila Real e que casou com D. Fernando de
Noronha, que para obter o título de 2º Conde de Vila Real passou a ser D.
Fernando de Meneses e D. Leonor de Meneses que casou com D. Fernando II, Duque
de Bragança e que conspirando contra D. João II veio a ser degolado em praça
pública na cidade de Évora em 1483.
Casa segunda vez com D. Filipa Coutinho, que morreu a bordo
quando se dirigia para Ceuta, filha de Gonçalo Vasques Coutinho, 2º Marechal de
Portugal, de que não houve descendência.
O terceiro casamento teve lugar com D. Brites Coutinho,
filha de Fernando Martins Coutinho, Senhor de Castelo Rodrigo.
Deste casamento nasceu D. Isabel Coutinho, Senhora de Mafra
e de Enxara dos Cavaleiros.
Do 4º enlace matrimonial com D. Genebra Pessanha, filha de
Carlos Pessanha, 6º Almirante de Portugal, também não houve descendência.
Extra conjugal, teve de Isabel Domingues, a Pixegueira, D.
Duarte de Meneses, Conde de Viana, 1º Capitão de Alcácer-Ceguer e pai do Bispo
de Évora, D. Garcia de Meneses.
Devido ao seu 4º casamento foi o 7º Almirante de Portugal.
Armas do 1º Conde de Vila Real |
Como seu pai tivesse tomado o
partido de D. João de Castela e veio a morrer nos arredores de Penela, em
situação miserável, em princípios de 1384, foi com sua mãe para Castela.
Depois de assinada a paz,
regressa a Portugal em 1411 e coloca-se ao serviço de D. João I. Faz parte da
expedição a Ceuta, levando sete navios armados à sua custa, gastando grande
parte dos seus cabedais.
Luta rijamente na tomada da
cidade. Armado cavaleiro no campo da honra, assiste ao conselho que se realizou
a seguir e que entre outras coisas procurava encontrar governador para a praça.
Após a esquiva de grandes
Senhores, incluindo D. Nuno Álvares Pereira, D. Pedro de Meneses fez conhecer ao
Infante D. Duarte a sua disposição para ocupar o lugar que acaba por lhe ser
confiado.
No acto de investidura, D. João
I entregou-lhe o pau a que então se abordava, por estar ferido numa perna, o
ALÉU, e o depois conde de Vila Real jurou defender, só com aquele aléu, de todo
o poder dos mouros, a praça que acabava de lhe ser confiada e o seu aléu ainda
hoje se encontra na imagem de Santa Maria de África, que se venera naquela
cidade.
D. Pedro de Meneses governou
Ceuta durante vinte e dois anos, até à sua morte, que se verificou dentro dos
seus muros (1437).
Diz Azurara, seu cronista, que
durante dezasseis anos não despiu a sua cota de malha, rondando de noite e de
dia. Define-o como perfeito guerreiro, valente, circunspecto e dotado de grande
arte de prever os acontecimentos. Dá-o como homem de boa palavra e de cultura.
Conhecem-se duas vindas ao
Reino. Uma em 1424, sendo-lhe na altura concedida a mercê do título de Conde de
Vila Real e a outra em 15 de Agosto de 1433 assistindo como alferes-mor à
aclamação do rei D. Duarte.
D. Pedro de Meneses procurou
assegurar ao filho bastardo, D. Duarte de Meneses, que muito admirava pelas
excelentes qualidades de guerreiro, a capitania de Ceuta, o que não conseguiu,
pois a isso se opôs a filha legítima, D. Brites, que casou com D. Fernando de
Noronha, reclamando para ele o governo da cidade, o que veio efectivamente a
obter após a morte de D. Pedro. Para que isso tivesse acontecido, contou com o
apoio da rainha D. Leonor. Contudo, D. Duarte de Meneses foi o 1º Capitão e Governador
de Alcácer-Ceguer, tendo perdido a vida defendendo a de D. Afonso V contra a
moirama.
Os Meneses tiveram durante
séculos uma forte ligação com Santarém onde possuíam os seus palácios.
Santarém. Pórtico do Convento de S. Francisco |
Ainda que os restos mortais
repousem em várias igrejas da cidade, tiveram o seu panteão na igreja do
convento de S. Francisco. É natural, por isso, que alguns desejassem ser
sepultados na terra que os viu nascer.
No século passado e como já
dissemos, o magnífico túmulo foi transferido para a Igreja da Graça, fundada
pelo 1º Conde de Ourém (Meneses).
D. Leonor, filha do primeiro matrimónio de D, Pedro e a quem
este encarregou de cumprir as disposições testamentárias e de ordenar a sua
sepultura, mandou construir um formoso mausoléu constituído por “artística arca
de calcário, assente sobre o dorso planificado de oito leões, ornada com os
escudos dos inumados”.
Na decoração flórica, não foi esquecida a palavra “aleo” que
se repete trinta e cinco vezes.
Magnífico túmulo de D. Pedro de Meneses na Igreja da Graça em Santarém. Desenho do pintor escalabitano Braz Ruivo. |
Foi também D. Leonor que insistiu com Gomes Eanes de Azurara
no sentido de este escrever a história de seu pai, o que veio a acontecer.
Foi, por isso, este grande
Senhor que deu origem à existência de “ALEO” no brasão da vila de Alcoutim.
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Grande
Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Nobreza de
Portugal, dir. de A.
Martins Zúquete, 1961
Santarém no
Tempo, Virgílio
Arruda, 1971
História de
Portugal, J. Veríssimo
Serrão
Dicionário
Ilustrado de História de Portugal, Ed. Alfa, 1982
História e
Monumentos de Santarém,
Zeferino Sarmento, 1993.