As Cortes Pereiras vista do S. Martinho. Foto JV, 2013 |
Entre qualquer comunidade, por
muito pequena que seja, existem sempre pessoas que se destacaram entre as
demais pelas suas características, intelectuais, económicas, beneméritas e
políticas, entre outras.
No século XVIII, por exemplo, o
lugar de tesoureiro da Santa Casa da Misericórdia de Alcoutim foi desempenhado
vários anos por cortes-pereirenses. Assim, entre 1751/54 por Sebastião
Teixeira, de 1759/60, António Martins, de 1761 a 1763, Domingos
Rodrigues e de 1766 a
67 foi a vez de Manuel Martins e isto sobrepondo-se aos irmãos existentes na
vila, para não dizer em todo o concelho, ou pelo menos nos lugares mais
próximos de Alcoutim. (1)
No campo político, José Martins
Cravo foi em 1834 licenciador para a eleição da Câmara Municipal e veio a
desempenhar as funções de vereador no mesmo ano, ainda que fosse analfabeto,
pois assinava de cruz.
No mesmo ano era juiz almotacé, (2)
Afonso Guerreiro Drago.
A nível de exercício na Junta de
Paróquia, actual Junta de Freguesia, indicamos: 1850/51, Manuel Roiz, dos
Currais, 1852/53, Manuel Martins Cravo, das Cortes Pereiras, 1854/59, José
Martins Capelo, de S. Martinho e de 1858/59, Francisco Gomes.
Vitoriano da Palma, do São
Martinho (1803-1873) era em 1858 o Juiz de Paz Eleito (substituto).(3)
José Martins Capelo e José Maria
Cravo foram os representantes das Cortes Pereiras na assembleia realizada na
Capela de Nª Sª da Conceição, na vila, em 22 de Dezembro de 1843 para resolver
o problema da criação do cemitério. (4)
Nos anos trinta do século XX, no
chamado “Estado Novo”, desempenhou vários anos a função de vogal da comissão
Administrativa da Câmara Municipal de Alcoutim, o lavrador local, António Gomes
Alves.
De ordem artística é de destacar
o mestre ferreiro Lourenço Gomes Teixeira (1831-1905) que exerceu a sua actividade no monte
de S. Martinho. Era natural da freguesia de Giões. É tradição que este artesão
nas provas que prestou para poder exercer a profissão, modelou um cágado o que
causou admiração pelo júri. Exerceu a sua actividade em meados do séc. XIX.
Bem mais velho, trabalhou no
mesmo local Bartolomeu da Palma, mestre ferreiro vindo de S. Bartolomeu da Via
Glória, concelho de Mértola.
Tanto um como outro deixaram a
sua descendência, alguma a viver ainda no concelho de Alcoutim.
Presumo que ambos tivessem vindo
trabalhar para este local a convite de Miguel Angel de Leon que possuiu uma
forja ainda lembrada pelos mais idosos habitantes das Cortes Pereiras.
NOTAS
(1)
– Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio, Subsídios para uma monografia,
António Miguel Ascensão Nunes (José Varzeano), 1985, p. 253.
(2)
– Oficial do concelho que tinha a seu cargo fiscalizar o abastecimento de
géneros alimentícios, os preços de alguns deles, os salários dos ofícios, os
pesos e medidas, evitar que os rendeiros fizessem avença com as partes, etc. in
Dicionário de História de Portugal, dilecção de Joel Serrão., Vol. I, p.121.
(3)
– É 4º tio de meu filho pois era irmão mais velho de uma das suas tetravós,
Maria do Rosário falecida no monte do Marmeleiro em 23 de Junho de 1862. Já era
viúva de António Dias.
(4)
– “O Cemitério da Vila de Alcoutim – da origem aos nossos dias”, José Varzeano,
Jornal do Algarve de 10 e 17 de Março de 1988)