domingo, 24 de fevereiro de 2013

Figuras cortes-pereirenses

As Cortes Pereiras vista do S. Martinho. Foto JV, 2013

Entre qualquer comunidade, por muito pequena que seja, existem sempre pessoas que se destacaram entre as demais pelas suas características, intelectuais, económicas, beneméritas e políticas, entre outras.

No século XVIII, por exemplo, o lugar de tesoureiro da Santa Casa da Misericórdia de Alcoutim foi desempenhado vários anos por cortes-pereirenses. Assim, entre 1751/54 por Sebastião Teixeira, de 1759/60, António Martins, de 1761 a 1763, Domingos Rodrigues e de 1766 a 67 foi a vez de Manuel Martins e isto sobrepondo-se aos irmãos existentes na vila, para não dizer em todo o concelho, ou pelo menos nos lugares mais próximos de Alcoutim. (1)

No campo político, José Martins Cravo foi em 1834 licenciador para a eleição da Câmara Municipal e veio a desempenhar as funções de vereador no mesmo ano, ainda que fosse analfabeto, pois assinava de cruz.

No mesmo ano era juiz almotacé, (2) Afonso Guerreiro Drago.

A nível de exercício na Junta de Paróquia, actual Junta de Freguesia, indicamos: 1850/51, Manuel Roiz, dos Currais, 1852/53, Manuel Martins Cravo, das Cortes Pereiras, 1854/59, José Martins Capelo, de S. Martinho e de 1858/59, Francisco Gomes.

Vitoriano da Palma, do São Martinho (1803-1873) era em 1858 o Juiz de Paz Eleito (substituto).(3)

José Martins Capelo e José Maria Cravo foram os representantes das Cortes Pereiras na assembleia realizada na Capela de Nª Sª da Conceição, na vila, em 22 de Dezembro de 1843 para resolver o problema da criação do cemitério. (4)

Nos anos trinta do século XX, no chamado “Estado Novo”, desempenhou vários anos a função de vogal da comissão Administrativa da Câmara Municipal de Alcoutim, o lavrador local, António Gomes Alves.

De ordem artística é de destacar o mestre ferreiro Lourenço Gomes Teixeira (1831-1905) que exerceu a sua actividade no monte de S. Martinho. Era natural da freguesia de Giões. É tradição que este artesão nas provas que prestou para poder exercer a profissão, modelou um cágado o que causou admiração pelo júri. Exerceu a sua actividade em meados do séc. XIX.

Bem mais velho, trabalhou no mesmo local Bartolomeu da Palma, mestre ferreiro vindo de S. Bartolomeu da Via Glória, concelho de Mértola.

Tanto um como outro deixaram a sua descendência, alguma a viver ainda no concelho de Alcoutim.

Presumo que ambos tivessem vindo trabalhar para este local a convite de Miguel Angel de Leon que possuiu uma forja ainda lembrada pelos mais idosos habitantes das Cortes Pereiras.

NOTAS

(1) – Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio, Subsídios para uma monografia, António Miguel Ascensão Nunes (José Varzeano), 1985, p. 253.
(2) – Oficial do concelho que tinha a seu cargo fiscalizar o abastecimento de géneros alimentícios, os preços de alguns deles, os salários dos ofícios, os pesos e medidas, evitar que os rendeiros fizessem avença com as partes, etc. in Dicionário de História de Portugal, dilecção de Joel Serrão., Vol. I, p.121.
(3) – É 4º tio de meu filho pois era irmão mais velho de uma das suas tetravós, Maria do Rosário falecida no monte do Marmeleiro em 23 de Junho de 1862. Já era viúva de António Dias.
(4) – “O Cemitério da Vila de Alcoutim – da origem aos nossos dias”, José Varzeano, Jornal do Algarve de 10 e 17 de Março de 1988)