Temos a noção e até a prova que o
ALCOUTIM LIVRE não é
apenas visitado por alcoutenejos residentes no país e no estrangeiro, admitindo
que só um número irrisório de alcoutenejos residentes no concelho o visitem e
leiam.
Acontece que vou recebendo
semanalmente e-mails de vários pontos
desconhecendo em muitos casos o local da sua origem pois muitas vezes o assunto
procurado nada tem a ver com isso.
As temáticas abordadas são muito
diferenciadas o que acontece igualmente aos motivos do contacto que vão desde a
procura de saber coisas sobre o seu monte
ou dos seus antepassados, alguns vindo mesmo do estrangeiro, ao pedido de
esclarecimento sobre vários assuntos, nomeadamente históricos ou etnográficos, aos
de auxílio em trabalho de ordem técnico científica que procuram realizar como
complemento da sua formação.
A todos temos sempre uma resposta
para dar, nem sempre a que desejavam mas a que nos é possível.
Publiquei neste espaço um texto
em 22 de Julho de 2009, sob o título “As romãzeiras” em que deixamos algumas
considerações sobre a vivência desta árvore no concelho de Alcoutim, procurando
chamar a atenção para a sua plantação com interesse económico visto as suas
características se adequarem bem a esta região.
Muitos têm sido os visitantes
leitores que procuram este texto que é ilustrado, entre outras fotos, com uma
de três exemplares que pesavam 2, 980 kg , mas a árvore deu mais, algumas dezenas,
de exemplares de peso e aspecto semelhante.
Decorridos mais de três anos
recebemos um e-mail solicitando-me a
informação onde poderia em Alcoutim encontrar romãzeiras daquelas que davam
romãs com aquele aspecto.
Naturalmente respondi que não
existia, que eu soubesse, ninguém que tivesse viveiro de romãzeiras para vender
mas se estivesse interessado podia arranjar umas varas para plantar já que se
aproximava o tempo da poda que eu iria fazer no mês de Janeiro, afirmando que
lhe poderia dar as varas, o que não acontecia com a água, o clima e o terreno.
Respondeu-me com rapidez que
mesmo assim estava interessado e que se deslocaria num fim de semana a Alcoutim
para recolher as varas.
Dois ou três dias antes de ir
para Alcoutim, enviei e-mail ao
interessado dizendo que estava previsto o dia tal para a minha viagem e indiquei-lhe
o meu número de telemóvel para o necessário contacto. Pouco antes de chegar a
Mértola o telefone tocou. Encostei o veículo e tinha do outro lado a pessoa
interessada. Disse-me com pena que nesse fim de semana não podia deslocar-se,
só seria possível no seguinte. Respondi-lhe que possivelmente ainda lá estaria,
quando chegasse iria verificar se havia varas capazes e só podaria as
romãzeiras depois de ele chegar a fim de não secarem. Só então soube que vivia
a cerca de 260 km
de distância!
No dia combinado, 12 de Janeiro e
5 minutos antes da hora combinada apareceu o jovem para levar as varas das
romãzeiras de Alcoutim, mais propriamente de Afonso Vicente.
Tivemos então a oportunidade de
nos conhecermos pessoal-mente e de trocarmos algumas impressões.
Apesar de eu ter arranjado local
para as levar metidas em terra, já vinha preparado para o efeito.
As romãzeiras a esta hora já
estarão plantadas numa quinta do centro do país, mais concretamente no distrito
de Castelo Branco.
É preciso os de fora valorizarem
os nossos produtos! Quantos jovens alcoutenejos já plantaram uma romãzeira da
sua terra? Não sei, possivelmente nenhum. Essa tarefa foi executada pelos avós
e pelos pais e as que ainda restam estão na sua maioria completamente
abandonadas e nem o fruto se lhe apanha. Enquanto houver euros para se comprar,
está o problema resolvido mas em breve eles faltarão como todos calculam.
Portugal tem de voltar à
agricultura que nos “obrigaram” a abandonar, não pelos métodos ancestrais que
árabes e romanos nos deixaram mas dentro das novas tecnologias.
O jovem que se deslocou
propositadamente a Alcoutim para obter hastes de romãzeira não tem formação
académica nesta área, como cheguei a pensar, mas noutra e esse facto não evitou
o interesse manifestado e realizado.
Que rebentem com vigor e que
sejam sempre designadas por ROMÃZEIRAS DE ALCOUTIM são os nossos votos.