segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Romãzeiras de Alcoutim no centro do país!


Temos a noção e até a prova que o ALCOUTIM LIVRE não é apenas visitado por alcoutenejos residentes no país e no estrangeiro, admitindo que só um número irrisório de alcoutenejos residentes no concelho o visitem e leiam.

Acontece que vou recebendo semanalmente e-mails de vários pontos desconhecendo em muitos casos o local da sua origem pois muitas vezes o assunto procurado nada tem a ver com isso.

As temáticas abordadas são muito diferenciadas o que acontece igualmente aos motivos do contacto que vão desde a procura de saber coisas sobre o seu monte ou dos seus antepassados, alguns vindo mesmo do estrangeiro, ao pedido de esclarecimento sobre vários assuntos, nomeadamente históricos ou etnográficos, aos de auxílio em trabalho de ordem técnico científica que procuram realizar como complemento da sua formação.

A todos temos sempre uma resposta para dar, nem sempre a que desejavam mas a que nos é possível.

Publiquei neste espaço um texto em 22 de Julho de 2009, sob o título “As romãzeiras” em que deixamos algumas considerações sobre a vivência desta árvore no concelho de Alcoutim, procurando chamar a atenção para a sua plantação com interesse económico visto as suas características se adequarem bem a esta região.

Muitos têm sido os visitantes leitores que procuram este texto que é ilustrado, entre outras fotos, com uma de três exemplares que pesavam 2, 980 kg, mas a árvore deu mais, algumas dezenas, de exemplares de peso e aspecto semelhante.



Decorridos mais de três anos recebemos um e-mail solicitando-me a informação onde poderia em Alcoutim encontrar romãzeiras daquelas que davam romãs com aquele aspecto.

Naturalmente respondi que não existia, que eu soubesse, ninguém que tivesse viveiro de romãzeiras para vender mas se estivesse interessado podia arranjar umas varas para plantar já que se aproximava o tempo da poda que eu iria fazer no mês de Janeiro, afirmando que lhe poderia dar as varas, o que não acontecia com a água, o clima e o terreno.

Respondeu-me com rapidez que mesmo assim estava interessado e que se deslocaria num fim de semana a Alcoutim para recolher as varas.

Dois ou três dias antes de ir para Alcoutim, enviei e-mail ao interessado dizendo que estava previsto o dia tal para a minha viagem e indiquei-lhe o meu número de telemóvel para o necessário contacto. Pouco antes de chegar a Mértola o telefone tocou. Encostei o veículo e tinha do outro lado a pessoa interessada. Disse-me com pena que nesse fim de semana não podia deslocar-se, só seria possível no seguinte. Respondi-lhe que possivelmente ainda lá estaria, quando chegasse iria verificar se havia varas capazes e só podaria as romãzeiras depois de ele chegar a fim de não secarem. Só então soube que vivia a cerca de 260 km de distância!

No dia combinado, 12 de Janeiro e 5 minutos antes da hora combinada apareceu o jovem para levar as varas das romãzeiras de Alcoutim, mais propriamente de Afonso Vicente.

Tivemos então a oportunidade de nos conhecermos pessoal-mente e de trocarmos algumas impressões.

Apesar de eu ter arranjado local para as levar metidas em terra, já vinha preparado para o efeito.

As romãzeiras a esta hora já estarão plantadas numa quinta do centro do país, mais concretamente no distrito de Castelo Branco.

É preciso os de fora valorizarem os nossos produtos! Quantos jovens alcoutenejos já plantaram uma romãzeira da sua terra? Não sei, possivelmente nenhum. Essa tarefa foi executada pelos avós e pelos pais e as que ainda restam estão na sua maioria completamente abandonadas e nem o fruto se lhe apanha. Enquanto houver euros para se comprar, está o problema resolvido mas em breve eles faltarão como todos calculam.

Portugal tem de voltar à agricultura que nos “obrigaram” a abandonar, não pelos métodos ancestrais que árabes e romanos nos deixaram mas dentro das novas tecnologias.

O jovem que se deslocou propositadamente a Alcoutim para obter hastes de romãzeira não tem formação académica nesta área, como cheguei a pensar, mas noutra e esse facto não evitou o interesse manifestado e realizado.

Que rebentem com vigor e que sejam sempre designadas por ROMÃZEIRAS DE ALCOUTIM são os nossos votos.