Escreve
Gaspar Santos
O Barco do Correio transportava diariamente a correspondência que entrava e saía do concelho de Alcoutim. No concelho o transporte fazia-se de bicicleta. Na data em que esta foto foi tirada o barco era este, propriedade de Manuel Feliciano e cujo mestre se chamava Amândio André Pereira. O dono do barco e o seu mestre moravam nas Laranjeiras.
O barco do correio fez durante vários anos o transporte das
malas dos CTT sob contrato estabelecido com o prestador do serviço, que ao
longo dos anos não foi sempre o mesmo. Tinha carreiras regulares, sem um
horário preciso, pois dependia dos ventos e marés. Um dia vinha de Vila Real de
Santo António, donde partia de manhã depois das 9 horas, para Alcoutim. No dia seguinte
fazia o percurso inverso partindo de Alcoutim depois das 18 horas. Mais tarde
quando o correio passou a ser transportado pelas camionetas de carreira
melhorou a distribuição da correspondência. Este era ao mesmo tempo um
transporte com que passageiros e carga podiam contar e que prestou nestes anos
muitos bons serviços na falta de melhores alternativas. Também neste aspecto as
camionetas vieram destronar a via Rio Guadiana logo que esse progresso chegou.
Esta foto, que deve ter sido tirada em 1948, mostra dentro
do barco do correio da esquerda para a direita: o mestre Amândio Pereira,
Cremilde Martins dos Santos que nos cedeu a foto, a sua irmã Maria Martins dos
Santos, Fernando Dias, uma jovem de Sanlúcar cujo nome desconhecemos, Maria
Julieta Batista, Augusto Parreira Batista e João Dias. Os terrenos em Espanha
desprovidos de mato. Ainda vinha longe a utilização do Guadiana como marina.