A primeira dificuldade foi saber o nome do objecto
utilitário. Parecia-nos dever designar-se por funil para enchidos e esta
designação teria todo o sentido na minha região de origem.
Para esclarecer a situação contactei telefonicamente uma
alcouteneja criada na terra em que nasceu e que sempre contactou com esta
actividade.
Quando lhe perguntei como se chamava a peça a resposta foi
rápida : FUNIL PARA FAZER AS CHOURIÇAS. Justifica-se plenamente a designação já
que no concelho de Alcoutim aquele funil só serve (ou servia) para fazer
chouriças de “carne” e de “sangue”, ou pretas.
Noutras regiões do país havia outros tipos de enchidos como
farinheiras, morcelas, morcelas de arroz, negros, etc.
Em Alcoutim havia dois tipos de funil para esta actividade.
Um, cujo cano final era mais largo, tinha sempre uma pega e destinava-se a ser
utilizado nas tripas mais grossas; outro de cano mais estreito mas sem pega,
para as delgadas. Eram feitos de folha pelos latoeiros locais.
Enquanto que para as chouriças de “carne” picava-se carne
magra, proveniente das “mantas” e em tempos antigos mesmo do lombo, nas de
“sangue” utilizava-se a carne com alguma gordura e ensanguentada como cachola e
a que ficava junto aos ossos.
Pimentilha, substituída mais tarde por pimentão vermelho,
alho esmagado ou moído, cravinho e pimenta preta constituíam os ingredientes
sendo tudo amassado e quando necessário juntava-se um pouco de água ou vinho
branco. Não podia faltar o sal.
Só se faziam cerca de quatro dias depois da massa preparada
que ficava tapada com um pano em alguidar de barro.
As chouriças de sangue eram temperadas com cominhos.
A atadura fazia-se com liços (fios de linho).